quarta-feira, 15 de abril de 2009

Por que algumas pessoas mudam de religião, depois falam que encontrou Jesus verdadeiramente?

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Opinião 1: (Marcelo Vilela, autor deste BLOG - vilelamoc@yahoo.com.br)

Bem, a psicologia e a antropologia podem explicar cientificamente e até comportamentalmente essa questão como sendo uma questão que envolve a vida da pessoa como um todo, ou seja, o contexto da vida de cada um. Deus nos criou únicos, principalmente nossa inteligência, que é única! Nossa capacidade de refletir, de pensar, de decidir. Isso é único em cada ser humano. E como são insondáveis, ainda, os mistérios da mente humana, mas à luz da palavra de Cristo, observando os sinais e o contexto das situações é possível traçar pistas de reflexão.
Nós, pessoas humanas, somos cheios de defeitos, isso todos concordam. Na vida cada um vai formando o seu convívio social nas mais variadas opções que cada um tem de caminhar. Formamos família, participamos de grupos sociais diversos e distintos. Somos líderes, somos liderados, somos pessoas vivendo em sociedade. Várias são as filosofias, vários são os modos de vida, várias são as culturas. Acontece que alguns comportamentos são básicos em todos, tipo os comportamentos de defesa, quer seja física ou mental. Trago para esta reflexão o texto bíblico do fariseu e o publicano, que está em Lucas 18, 10-14. O fariseu bate no peito e reza alto na igreja, enquanto o publicano, sem levantar a cabeça, clama por misericórdia. Vejo que somos muitas e muitas vezes fariseus e acrescento ainda somos fariseus hipócritas, pois muitas vezes nossa oração nem condiz com a verdadeira realidade de nossas vidas, como meio de defesa, queremos manter a aparência de algo que fomos um dia ou que projetamos mas não conseguimos ser. Daí quando se chega a um ponto que não dá mais para prosseguir e algo precisa ser feito para mudar de vida, manter a palavra, manter as aparências torna-se difícil demais, tamanha hipocrisia vivida ao longo dos tempos... Só esse já seria motivo suficiente para mudar, então se muda de igreja, religião, e acaba colocando a culpa da mudança de vida, na mudança de religião, como se o Deus que acreditara antes fosse outro... Ao passo que se batesse no peito e clamasse misericórdia, feito o publicano, muito mais mudaria em sua vida, pois como diz Jesus no sermão da montanha: Felizes os humilhados porque serão exaltados!
Como a religião está diretamente ligada a uma dimensão humana importantíssima, que é a transcendente ou espiritual, mudar a direção dessa dimensão torna-se mais fácil lidar com as outras dimensões, pois as mesmas refletem diretamente na vida do indivíduo e fica muito mais fácil dar essa desculpa ou explicação às pessoas do convívio social.
Eu mesmo, quando parei de beber, por um tempo, atribuí essa conquista a um encontro com Jesus, assim como fazem muitos que param de beber e mudam de religião. Mas hoje, compreendi a palavra, bato no peito feito o publicano e digo: Senhor, misericórdia de mim! Ajuda-me! Com a bebida estou indo para um caminho sem volta, ajuda-me! Assim Cristo me ajudou, e hoje sou exaltado porque me humilhei, e ainda me humilho sempre que os amigos bebem ao meu redor, fazem chacota, mas sempre digo a mesma coisa e consigo sempre, com a graça de Deus, me manter firme como uma rocha. Isso meus irmãos mostra quanto o Evangelho pode fazer na vida de cada um, sem que precisemos mudar de religião, de orientação, protestando e caminhando, muitas vezes, para a apostasia.

Opinião 2: (Beatriz Zahn, membro da Ordem Carmelita Descalça Secular, Montes Claros-MG)

Como já lhe disse, esta questão é atual, é delicada e é tambem um fato presente e crescente em nosso meio, infelizmente. Há muito o que abordar, por exemplo:
A nível individual - "mudei de religião e encontrei Cristo". Encontrar Cristo é um fato que não está ligado estritamente a religião pois Ele se revela a todos e de formas variadas. Há que se ver porém o porque mudar de religião. Parto do pressuposto que esta pessoa deixou de ser católica para professar outra fé.
É assustador. Antes nós víamos o contrario. A religião católica é que acolhia as outras e hoje...
A resposta está na nossa origem, ou melhor, na origem da Igreja. Vou falando aos poucos porque é muita coisa num tema só.
A questão tambem está no nosso modo de viver a fé que professamos que é católica, apostólica, romana. Na verdade temos sido falhos, agnósticos e relativistas e com isto muitos irmãos vão se perdendo...

Opinião 3: (Dalva Cantuária, membro da Ordem Carmelita Descalça Secular, Montes Claros-MG)

Já parei para pensar algumas vezes neste questionamento abordado por você. E vendo ou melhor percebendo alguns conhecidos que mudaram de religião, tenho a seguinte opinião: a) Muitos mudam pela dor. Tendo pouca fé, e diante de problemas sérios na família, acreditam que mudando de religião, irá resolver. b) Outros, não buscam conhecer a religião católica, e sendo influenciáveis acabam indo sequindo a maré. c) Outros, ainda, não encontrando apoio na Igreja Católica (não estou aqui criticando a nossa Igreja), encontram na outra, o apoio imediato que anseiam, diante das circunstâncias vividas. (Acolhida, pessoas estão cada vez mais carentes - Opinião do autor do BLOG)

Opinião 4: (Luciano Dídimo, membro da Ordem Carmelita Descalça Secular, Fortaleza-CE)

Acredito que as pessoas mudam para igrejas evangélicas porque lá existe toda uma estratégia para a recepção e o acolhimento, diferentemente do que infelizmente acontece em nossas paróquias, onde as pessoas vão à missa e não são recebidas, acolhidas por ninguém, onde muitas vezes não há uma integração entre a comunidade, ou entre o sacerdote e a comunidade.
Não se pode generalizar, mas na grande maioria das paróquias acontece isto, devido também à imensa quantidade de paroquianos.
As pessoas que estão sem Deus, cheias de problemas, ficam carentes, frágeis, e necessitam serem valorizadas, terem uma atenção especial, um tratamento pessoal, essas coisas, e por isso são facilmente "pescadas" pelos pastores que ficam de plantão na porta das suas igrejas.

Opinião 5: (D. José Alberto Moura, CSS - Arcebispo Metropolitano de Montes Claros-MG - Artigo: O rebanho, de 01/05/2009)

Jesus não é apenas um pastor. É o bom pastor. Essa qualidade lhe advém pelo fato de ter condição de dar vida com a própria em bem das ovelhas. Interessa-lhe toda ovelha ou cada ser humano. Na comparação do rebanho por ele conduzido, além das noventa e nove ovelhas salvas, ele quer salvar também aquela perdida e dá tudo de si para sua condução ao rebanho de que ele cuida (Cf. Jo 10, 11-18). Ele demonstrou na prática da doação da própria vida que tem condição de salvar a todos. Seu poder e sua pessoa são divinos. A ressurreição é uma realidade a confirmar sobejamente isto.Na ânsia de busca de rebanho, muitos tentam dizer que o caminho de Jesus é este ou aquele. A confusão às vezes se verifica. Tantas denominações religiosas existem e surgem outras novas a cada dia. Seria esta a vontade do Senhor ressuscitado? O pecado com o egoísmo faz o ser humano colocar, muitas vezes, como referencial, os próprios interesses e ideias, nem sempre afinados com o projeto do Filho de Deus. A subjetividade exacerbada faz comumente muitos aderirem a conveniências religiosas influenciadas por outros de boa fé ou não, seguindo caminhos que podem até contradizer o proposto por Jesus. O sectarismo com a falta de reflexão ou discernimento favorece muito ao intimismo religioso, baseado na busca de vantagens ou soluções de problemas de ordem de saúde e economia. Às vezes se desfigura a conotação distintiva de quem segue o Mestre na vida de fraternidade. Não raro as perseguições e os ataques por motivos de crenças ou opções religiosas diferentes fazem acontecer inimizades, difamações e calúnias. Para se vencer tudo isso é preciso desarmarmos os ânimos com dose progressiva de consideração do outro como irmão, mesmo com diferentes opiniões e religiões. Não se trata de se aceitar qualquer coisa como verdade e como válido. Trata-se de, antes de tudo, de se ser humano e se unir para a mútua compreensão e colaboração para uma convivência tal a se ajudar um ao outro a ser amado e respeitado.Jesus quer "um só rebanho e um só pastor" (Jo 10, 16). Por isso, reverter o quadro de divisões e lutas deve iniciar-se pelo desarmamento do coração e pela demonstração de fraternidade. Os outros reconhecerão os verdadeiros discípulos do Senhor pelo amor vivido entre eles. Quanto mais nos aproximarmos do Mestre, vamos percebendo que ele quer o bem de todos e que nos entendamos com a fraternidade. Caso contrário, mesmo que tenhamos mais acerto quanto ao conteúdo do ensinamento dele, mas não vivermos o que nos tipifica com sua pessoa no autêntico amor, não seremos capazes de seguir sua trilha para nosso próprio bem. Como é bom o empenho para vivermos o ecumenismo de melhor entendimento das diferenças entre as comunidades e igrejas cristãs, bem como o diálogo interreligioso! Assim demonstramos que somos pessoas com abordagens diferentes em relação aos valores da vida e da religião, mas vivemos na civilização de compreensão e mútua ajuda. Trabalharemos com união de esforços para ajudarmos a convivência no trabalho de superação das injustiças, da miséria e toda sorte de desrespeito à vida. Seremos pessoas humanas capazes de sermos úteis, com a força da fé de cada um, para implantarmos a cidadania para todos, em que Deus nos una num só coração e numa só alma.

Participe! Aguardo sua opinião!

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